É bem sabido
da popularidade do esporte contemporâneo e do espaço que ocupa no cenário
mundial. Esta representatividade é o que atrai milhões de crianças e
adolescentes a praticá-lo e consumi-lo cada vez mais. O esporte é um fenômeno
cultural que possui suas origens nos jogos das mais primitivas civilizações.
Vários são os exemplos de modalidades do esporte moderno e/ou contemporâneo que
possuem características semelhantes a jogos praticados por povos antigos, como
é o caso do pok ta pok praticado no
século VII a.C pelos Incas que possui grande relação basquetebol, além do Kemari,
praticado no Japão do século X a.C, que supostamente prefigura o atual futebol.
No decorrer
do tempo este fenômeno passou por diversas ressignificações, sendo apenas de
caráter lúdico inicialmente, passando por um produto da sociedade na revolução
industrial, tido como espelho de sociedades modelo, regimes econômicos e
políticas de governo, utilizado como ferramenta de alienação populacional, e,
por fim sendo espetacularizado no objetivo de rentabilidade nas mais diferentes
instâncias.
Contudo,
independente da época em que foi ou é praticado, e por mais diferente que cada
modalidade possa parecer, uma série de características são comuns, senão a
todas, mas à grande maioria das modalidades esportivas coletivas: a bola, que por si só é fascinante e
incita ação motora e o interesse por seu domínio; o terreno de jogo, campo de batalha onde cada jogador tem de
“lutar” para defender seu espaço e atacar o adversário; o alvo por onde a bola deve passar, o ápice de toda ação de jogo,
que é bravamente buscado por quem tem a posse da bola; as regras que determinam o que se pode ou não dentro do jogo; os companheiros e os adversários.
Além das constantes supracitadas, outras
características, tidas por Bayer (1994) como “princípios operacionais” são
comuns na prática das modalidades esportivas coletivas. Sem a posse de bola,
toda ação do sistema defensivo é no intuito de proteger seu campo e alvo,
recuperar a bola e impedir a progressão dos adversários. A partir da
recuperação da bola, o sistema ofensivo deve manter sua posse, progredir em
direção ao alvo adversário, e atacá-lo.
Os aspectos motores e gestuais de cada modalidade são
específicos. Julgo, porém, que o entendimento dos princípios operacionais é
fundamental para a prática e que precisa compor a base de ensino da iniciação
esportiva, pois facilitará o aprendizado da lógica de qualquer modalidade
coletiva e possibilitará ao indivíduo a antecipação frente aos desafios em jogo.
Vejo que a maior dificuldade no processo é o
profissional de Educação física implementar uma metodologia voltada ao
desenvolvimento integral do aluno. Ao contrário, o que vemos habitualmente são
Profissionais replicando métodos tradicionais (passe-passe-chute), baseados na
experiência prática de seus próprios aprendizados, sem questionar a eficiência
destes.
Muito mais que puramente replicar um gesto motor
correto, a prática esportiva (dentro do contexto do esporte) principalmente na
base, deve visar a formação de indivíduos capazes de tomar decisões rápidas e
criativas, realizando o improvável, o inesperado, e desenvolver a inteligência
e cooperação tática em equipe.
O “saber jogar” é crucial na fidelização à prática
esportiva. Cabe a nós, profissionais de educação física, sabermos ensinar.
por Ronan OG
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